sábado, 25 de julho de 2009

Devaneio

Um intenso manto escuro brinca com as estrelas. Esconde-esconde. Sentado na cega areia da praia, procuro pela lua, mas ela simplesmente ignora-me, assim como toda a sociedade individualista.
Aos poucos a brisa – fria e fraca toca a minha face – pálida e rústica. Arrepio. A leve garoa, acalantada pelas ondas do mar, vêem ao meu encontro. Calafrio.
O balanço das ondas – forte, constante – exala meus ouvidos. Provocam suaves pensamentos do mundo. Os dias, as noites. As estórias. No entanto... Nada me dizem. Tudo é congruente. Rotineiro.
Fecho meus olhos, para sentir o vento, mas a prontidão das ondas dizem-me para esquecer. O que? Não sei! Apenas esquecer...
O sopro do oásis e a anosa garoa ficam mais fortes. Suportá-las, impossível.
Levanto-me impulsionando os meus pés, sem pressa, sem direção. E meu corpo navega indo onde meus passos se perdem.
O mar numa melancólica sinfonia despede-se com um adeus. E leva consigo meus pensamentos, assim como os ventos apagam as pegadas que eu deixara na areia.
Saudade.
A rua estreita, as casas mórbidas, os moradores recolhidos - o frio passara por ali.
Desvio-me do normal.
A magia dos contos de fadas, dos livros que papai lera nas noites de insônia, não se compara com aquela realidade.
Homens procurando no frio a ardência da fome, nos jornais – velhos e sujos - o aconchego dos lares. Mulheres, que do pecado alimentam seus filhos. Crianças, que procuram nos rótulos a satisfação de sua sobrevivência. E jovens que pesquisam suas respostas, nas drogas. Tudo amedronta-me, perturba-me.Explodindo as realidades.
Confuso, entrego-me ao desespero e alucinação de minha mente. Onde estou? Que lugar é este? Quem são eles? O interrogatório acusa-me de uma vida consolidada em fantasias demasiadas do consumo, prazer e desejo humano.
A covardia – conseqüente do inquérito – toma conta dos meus passos - antes cautelosos-, e involuntariamente numa disparada de segundo passo ligeiramente entre ladrilhos de pedra, reflexos e poças de água...
Os pingos decorrentes da chuva marcam minha pele – flácida e sensível –, misturando-se com as gotas que brotam do meu rosto. Dos rostos daquelas pessoas. Pessoas? Não! Criaturas? Talvez.
Corro, corro, corro...
E em casa, a exatidão dos meus pensamentos quer exortar o que eu observara, ou serei obrigado a enterrar-me na abstinência do sepulcro medíocre da humanidade.
Robson Rodrigo dos Passos

8 comentários:

Unknown disse...

Muuito bom Robson.
Parabéns, continue assim!

Eduardo Silveira disse...

Texto bem forte, bem escrito.
Gostei. =D

Wellington Nardes disse...

Como é possível que um garoto de quinze anos escreva tão bem?! Ou ele tem um dicionário no cérebro ou uma mania indiscreta de ler bastante. Muito provável que os dois porque o texto ficou muito bom.

Parabéns Robson!!!

Daiane disse...

Parabéns pelo texto Robson, ele ficou muito bom, consegue mostrar seus sentimentos de uma forma simples e bonita.
Continue assim, escrevendo, e eu continuarei a acompanhar o seu desempenho.
Beijos da sua amiga, que te admira muito Daiane Nazário :D

Robson Rodrigo dos Passos disse...

Muito obrigado pessoal!
Ainda tenho muito que aprender!
Abraços a todos e continuem comentando os textos do blog!

:)

Nessa disse...

Parabéns Robson! Você escreve muito bem! Muito lindo mesmo, continue assim e se torna-rá um grande escritor! Quero um autografo heim! hihi ;D
Vanessa :*

Raquel Antpack disse...

Orgulho da professora! Que lindo querido, não é novidade pra mim o teu talento. Segue em frente caprichando assim e sempre com esse ar de bom moço!

robson disse...

Obrigado pessoal pelos comentarios :)
Continuem lendo as postagens do blog ^^
Abraços